terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CARREGADO - Uma Terra, uma História! (2)

AS  QUINTAS (4)

" QUINTA DO CAMPO. (PAG. 216) -Do exmo sr. marquês de Castello Melhor.  Parece que antigamente era da freguesia de S. Bartholomeu do Paul e chamava-se a quinta da Granja.
Ultimamente  esteve arrendada a uma empreza agrícola de quatro sócios que procuraram  introduzir  um systema de cultura mais scientifico, e um aperfeiçoamento na raça e creação dos gados. Infelizmente não conseguiram os resultados pecuniários que esperavam, e a empreza sucumbiu (Ganadaria e Coudelaria).
N´esta quinta ha uma hermida dedicada a S. Francisco de Paula e Nossa Senhora do Testinho. Esta última é a única de tal invocação em Portugal, e segundo o auctor do Santuário Mariano sua imagem foi descoberta milagrosamente por soror Maria de S. José em 1604. Essa piedosa freira, que habitava o convento de S. Alberto de Lisboa, passando um dia por um corredor da casa, ouviu uma voz chamando-a pelo nome e dizendo « levantae-me ». Não havendo viva alma n´aquella parte do convento a freira estranhou o caso e procurando mais perto a origem d´essa voz, encontrou n´um canto, n´uma porção de lixo que se havia varrido de alguma cella, um bocado de loiça vidrada, grosseira, com uma figura de Nossa Senhora, e que fazia parte de uma piazinha para agua benta, já quebrada. Contou-se o milagre, acudiram os devotos, e afinal deu-se a imagem da Senhora, como valioso brinde, ao Conde de Castello Melhor, que era um dos benfeitores da casa. Esse fidalgo trouxe-a consigo durante todas as peripécias da sua patriótica oposição aos Hespanhoes, e segundo a crença d´elle foi a possessão d´essa santa imagem que o preservou nos muitos perigos da sua vida militar. Quando a expulsão dos hespanhoes em 1641 concedeu alguma paz ao reino, o conde fundou a ermida e ahi collocou o objecto da sua veneração.
No sitio chamado Barracas do Quadro havia em 1801 um campo de instrução para o exército.


QUINTA DA CONDESSA.(pag. 221) - Do exmº sr. Conde da Louzâ. Esta propriedade que em 1560 achamos sob o nome de quinta do Baharem e que Carvalho na Corographia denomina quinta da Telhada, é uma das mais antigas do concelho. Nas inquirições de D.Diniz consta que existia próximo ao logar da marinha, termo de Alemquer, uma herdade que pertencia a um vassallo da rainha D.Dulce (1174-1198). Fallecendo o vassalo sem sucessão, a rainha tomou posse da herdade e deu-a depois em património para toda a vida a João Paes, reitor de S.Salvador de Lisboa. Consta mais que n´aquella época ainda existia  uma relação autentica de cento e quarenta courellas que a rainha ahi comprara a diversos, por preços que regulavam a 8 dinheiros até 2 soldos; (49 até 150 réis) que essas curellas tinham cinco palmos de largo, não dizendo o comprimento, e que eram situadas junto ao rio, além da ponte denominada da Marca (ponte da Couraça provavelmente) e no sitio da aberta. No tempo de Affonso III afirmava certo individuo ter visto bois da rainha D.Dulce lavrando essas terras com charruas.
Aproximadamente em 1450 Vasco Gil Corrêa instituiu o morgado da marinha e parece que n´este tempo a quinta pertencia á ordem de Aviz, porque D.Jorge o mestre da Ordem deu-a António Corrêa filho de Vasco Gil, para tres vidas com pensão de 45000 réis em dinheiro e dois capões. A lembrança da Ordem de Aviz conserva-se em umas courellas na varzea de  Villa Nova que  pertencem á quinta e são denominadas as Côrtes
de Aviz. Este António Corrêa  fêz uma brilhante figura na historia pátria. Sendo mandado por D. Manuel guerrear no mar da Pérsia assentou pazes com os reis do Pegu e Bintão e venceu e matou Mochrim rei da ilha do Baharem no mar de Ormuz. Em lembrança de tão illustre feito  D. João III lhe mandou que tomasse o appellido de Baharem em adição ao de Corrêa e que esquartellasse no brasão d´armas uma cabeça. N´um antigo portão da quinta á beira da estrada real vê-se este brasão esculpido em pedra e na primeira casa está  a cabeça, como atráz dissemos. Em 1707 era possuidor do vínculo o Dr. António Bastos Pereira que era descendente segundo Carvalho, de D.Gomes Mendes Gedeão um dos fidalgos que na batalha de Italiboacem pelejou ao lado de Gonçalo Mendes da Maia «o Lidador». Esse António Bastos desonerou a quinta do encargo que tinha cedendo á Ordem de Aviz em troco do fôro um juro de 30$000 réis no estanco do tabaco. O morgado rendia n´essa época uns 10:000 cruzados. Em 1758 achamos a quinta em poder de D. João de Lencastre e hoje pertence ao exmº D. João José de Lencastre Basto Baharem, 4º conde da Louzã e 12º senhor deste vinculo.
Pegada ás officinas da quinta há uma ermida dedicada a Santo Christo, com imagens collateraes de S. Sebastião e S. Francisco. Foi fundada por Manuel Corrêa Menezes Baharem e sua mulher D. Joana de Tavora. A primeira missa foi ahi dita em 1 de janeiro de 1669. O povo do lugar vizinho do Carregado costuma festejar aqui o martyr santo no mês de Agosto ou Setembro.
É pertença desta Quinta, uma das mais antigas e afamadas ganadarias, a qual nasceu em 1837, em Ciudad Real (Espanha). Mais tarde passou para a posse do bandarilheiro espanhol António Guerra Bejerano, cuja viúva a vendeu a José de Lacerda Pinto Barreiros estreando-se em Portugal em Março de 1931.São divisas da ganadaria as cores: Azul Celeste, Branco e Encarnado.

QUINTA DA TELHADA (PAG. 233) - Da exmª srª D. Dorothea Margarida. Como há diversas propriedades com o nome da « Telhada » ou « sitio da Telhada » aproveitamos este logar para apresentar alguns apontamentos que temos e que referem a essas propriedades mas que não temos podido localisar.
Em 1369 D. Fernando confirmou a mercê que tinha Affonso Esteves de Azambuja do casal do Rocio ao pé da aberta da Redinha junto ao rio de Alemquer.
Em 1372 o mesmo rei fez doação ao mesmo Esteves, de um casal na Telhada.
Este Affonso Esteves foi pae do cardeal D. João Affonso de Azambuja, e reposteiro-mór dél rei D. Pedro.
José Xavier Valladares e Sousa diz que no reinado de el-rei D. Sebastião houve um Ruy Figueira ou Gonçalo Figueira, senhor de uma quinta na Telhada, que lhe foi sequestrada por seguir as partes de D. António, o prior do Crato.
Em 1549 havia entre os confrades do Espirito Santo um Affonso Esteves e sua mulher Maria Petronilha Pires, de quem o sobredito cavalheiro diz : « Foi lavrador mui rico e honrado, senhor da quinta da Telhada, que tinha sido dada por el-rei D. Fernando a outro Affonso Esteves seu vassallo, e d´elle descende por varonia Sebastião Pereira Rebello, fidalgo cavalleiro da casa real, morador em Aldeia Gallega da Merceana; e a mulher de Francisco Lobo, moço fidalgo, morador em Arruda. »
É possível que algum proprietário conheça as terras referidas, por isso aqui mencionamos os factos.

Quinta da Marinha


QUINTA DA MARINHA. (pag. 235) - Do exmº sr. conde de Rezende..


Quinta do Barrão


QUINTA DO BARRÃO. (pag. 236) - Do illº sr. Henrique José de Mello Carvalho e Povoas











Quinta do Casal Velho

CASAL VELHO. ( pag. 238 ) - Do illmº sr. António da Costa Marques.




CASAL DA MARINHA.  ( pag. 238 ) - Do illmº sr. Manuel Rocha
QUINTA DA PASSAGEM. ( pag. 235) - Do illmº sr. David Gonçalves Chaves. Não sabemos qual seria a origem verdadeira do nome d´esta quinta, mas há diversas propriedades no reino com egual appellido, que derivaram de terem servido, pela sua proximidade ás estradas principaes, de estalagem ou logar de paragem para a côrte quando a família real viajava por aquellas terras. Passagem tambem era uma pensão que certos prazos pagavam ao rei todas as vezes que elle passava por aquella terra.

QUINTA DO PEIXOTO. (pag. 241) - Da exmª srª. D. Gertrudes de Sá Saldanha.  Em 1530 era de Bastião de Lilla que com sua esposa Fillippa de Fernaço, seu filho Manuel de  Lilla, e suas filhas Anna de Fernaço e Isabel de Travaços era n´esse ano confrade do Espirito Santo. Em 1758 a quinta era de Martinho de Sousa de S. Payo.

Quinta dos Cónegos
QUINTA DOS CÓNEGOS. (pag. 242) - Do exmº sr. F. de Paula Raposo de Alte e Esparregosa. Ignoramos a derivação do appellido d´esta propriedade, mas conjecturamos que seria por ter pertencido em outro tempo á ordem dos cónegos regrantes. Há aqui uma ermidasinha assaz decente, da invocação de Nossa Senhora da Conceição, com festa annual no seu dia. No exterior há a data de 1757 que se refere provavelmente á reedificação depois do terramoto. Na capella-mor há um sarcophago, com inscripção em prosa e verso, composto pelo exmº sr. conde de Peniche, lastimando a desgraçada morte do irmão do actual proprietário da quinta. Na flôr da juventude, no vigor da mocidade, este esperançoso e estimado cavalheiro morreu repentinamente dos ferimentos causados por sua própria espingarda, que se disparou quando elle seguia a sua diversão predilecta, a caça. (já destruída).
Um relógio de sol de face dupla, colocado sobre a fachada da grande adega, apresenta a data de construção dos edifícios 1718.
Quinta da Boa Água


QUINTA DO POÇO DA BÔA ÁGUA. (pag. 243) - Da exmª srª. D. Maria B.  Robim d´Araujo.



 CASAL SARAMAGO. ( pag. 238) - Do illmº sr. Augusto Freire Teixeira Marques
CASAL DO GOES. (pag. 238 ) - Do illmº sr. Francisco de Goes Souto Maior du Bocage.
CASAL DO CANELAS. ( pag. 238) - Do illmº sr. João Pinheiro.
QUINTA DO CHACÃO OU DOS CHACÕES (PAG.233) - Do exmº sr. João Gerardo Sampaio Efren. Havia aqui uma hermida dedicada a S. Francisco Xavier. (hoje destruída)
QUINTA DA QUEIMADA. (pag. 235) - Do exmº sr. D. José de Mello da Cunha Mendonça e Menezes.
QUINTA DO ALCONCHEL. (pag 236) - Do illº sr . Francisco Bernardo Lobato ( hoje destruída)

Quinta do Casal Novo


CASAL NOVO.  (pag. 244) - Do illmº sr. J. Ferreira Leal.


 

Quinta de Val Flores
QUINTA DE VAL FLORES. (pag. 266) - Pertencente ao morgado do Juncal. Do exmº sr. Sebastião Falcão de Lima Mello Trigoso. O morgadio foi instituído em meados do século XVIII, de Martinho Velho de Rocha Oldenberg e seu sogro, Manuel Lopes Lobo.


CASAL DA BARRADA. ( pag. 245) - Do illmº. sr. José António Ribeiro
CASAL DO PINHEIRO. (pag. 237) - Do illmº sr.  Manuel Vicente
CASAL DA CARAMBANXA. (pag. 237) - Do illmº sr. João Gerardo Sampaio Efren
CASAL DA THEREZA MOÇA. ( pag. 238) - Do illmº sr. José Ferreira da Ponte 
CASAL DAS FREIRAS. ( pag. 238) - Do illmº sr. José Ferreira da Ponte
QUINTA VELHA. (pag. 269) - Do exmº sr. conde de Belmonte

Quinta da Alegria


QUINTA DA ALEGRIA



CASAL DO TORINO.  (pag. 269) - da illmª srª. Anna Maria de Almeida Salema.
CASAL DA CONCEIÇÃO. (pag.245) – do exmº sr. Angelo Ferreira.
CASAL DO FERRAGIAL. (pag.237) – do Illmº sr. Vicente João.
QUINTA DO CASAL DE ST. ANTÓNIO.  (PAG.236) –  Obras  Novas.  Da  exmª  srª  Dª. Maria Salema de Aragão Castro Dubeux.
QUINTA DO CALDAS
QUINTA DE S. JULIÃO
 QUINTA DO SEIXAS. (pag.236) Do illmº sr. Bernardino de Almeida Paz.

Quinta do Seixas
Palácio da Quinta de Stº António
PALÁCIO DA QUINTA DE SANTO ANTÓNIO. (pag. 269) - do illmº sr. José Rodrigues Duarte Monteiro. Edifício com fachada de meados do século XVII, com um já degradado jardim a sul. Para além da sua produção em uva de mesa, possui ainda esta casa, uma famosa ganadaria, a mais antiga de Portugal estreada no ano de 1848, sendo a única que mantém toiros de casta exclusivamente nacional. A sua divisa é de cor amarela.
 
Quinta do Mendanha

QUINTA DO MENDANHA. (pag. 244) - Do exmº sr. Robert F. Duff. (já destruída).




Quinta do Outeiro


QUINTA DO OUTEIRO.  (pag. 269) - do illmº sr. António Pedro Moniz de Figueiredo.


 
Quinta da Ferraguda

QUINTA DA FERRAGUDA. (pag.267) -  Em 1707 era de João Homem de Amaral e hoje é do illmº sr. Eugénio da Encarnação.









CARREGADO - Uma Terra, uma História! (1)

Nasceu a 6 de Novembro de 1939 na freguesia de S. Sebastião da Pedreira - Lisboa - é filho de Fernando Silva e de Maria Rosa da Costa e Silva.
Veio para o Carregado com 18 meses de idade onde se mantém.

Aos 60 anos decidiu passar ao papel algumas das suas lembranças do Carregado mais antigo,  tendo recorrido a pessoas mais idosas que lhe forneceram dados e fotografias de tempos muito anteriores ao seu nascimento.
Foi seu intento manter viva a memória de um Carregado então fraternal, onde o amigo era amigo do seu amigo, tentando assim transmitir aos vindouros a lembrança do que já não irão encontrar hoje, a amizade verdadeira entre toda a população.  
                       
Alguns dados biográficos:

-         Praticante da modalidade de Remo “ Shell 4 “  (V. F. Xira)
-         Praticante de Atletismo nas modalidades de 100 e 200 metros (S.L. Benfica), na época de 1960.
-         Presidente da A. Desportiva do Carregado, em 1970/71, 74/75 e 75/76.
-         Membro da Comissão de trabalhadores da General Motors de Portugal.
-         Delegado Sindical do Sindicato do Metalúrgicos.
-         Membro da Comissão Intersindical da General Motors de Portugal.
-         Membro Fundador do SENACHE (Secretariado Nacional das Cooperativas de Habitação Económica).
-         Membro Fundador da FENACHE (Federação Nacional das Cooperativas de Habitação Económica).
-         Membro Fundador da ULISNORTE (União das Cooperativas de Habitação da Zona Lisboa Norte).
-         Presidente da Cooperativa de Habitação Económica Abricasa, C.R.L.
-         Candidato à Presidência da Câmara Municipal de Alenquer, em 1982.
-         Vereador na Câmara Municipal de Alenquer, em 1979/82 e 1982/86.
-         Membro da Comissão Instaladora da Freguesia do Carregado, em 1985.
-         Eleito na Assembleia de Freguesia do Carregado, desde 1986.
-         Presidente da Assembleia de Freguesia do Carregado de 1987/89.
-         Membro da C.U.P.C.A.B. ( Comissão de Utentes do Parque de Campismo da Praia da Areia Branca ), de 1995 a 1997.
Este trabalho foi baseado na pesquisa feita pelo autor junto de vários habitantes, mais antigos, do Carregado tendo sido recolhidas algumas fotografias da época que, embora dispersas, se encontram na posse dos seus proprietários, outras foram feitas pelo autor.

As referências que aludem às Quintas e seus antigos proprietários foram transcritas da Obra “Alenquer e seu Concelho“ de Guilherme João Carlos Henriques (da Carnota) enquanto que a  “Relação de Documentos“ foi transcrita do livro “Contribuição para um Arquivo Histórico de Alenquer“ da autoria do ex–Director do Museu Municipal Hipólito Cabaço, João José Fernandes Gomes.

O Carregado, hoje Vila, é a freguesia com maior população, no concelho de Alenquer. O seu número de habitantes ronda os 11.000. Com esta dimensão, a freguesia encontra-se  carênciada de um conjunto de infra-estruturas que se tornam cada vez mais prementes já que as necessidades do tipo urbano a obrigam a ser mais exigente.
Nó central de eixos viários, desde os primórdios, (1ª linha dos caminhos de ferro, Lisboa - Carregado); cruzamento da Estrada Real Lisboa - Caldas da Rainha e Lisboa - Santarém, bem como pólo fluvial importante através do rio Tejo, desde Lisboa às Portas de Ródão, o Carregado continua hoje a sua tradição de nó central das linhas viárias que cruzam o País.

Marco da Malaposta
De povoação rural onde abundavam as Quintas (Condessa, Telhada, Queimada, S.Julião, Alegria, Stº.António “Vaz Monteiro”,    Barrão,    Passagem, Campo (Marquês), Vale Flores, Casal Novo, Meirinha, Mendanha, Casal Velho, Barrada, Colónia, Roseiral, Outeiro, Chacão, Seixas, Alconchel, Boa-Água, Peixoto, etc.) o Carregado é hoje zona comercial e industrial, mercê da sua privilegiada localização. As vinhas, os campos de trigo e os olivais,  cederam  o  seu  lugar   ao cimento. As indústrias implantaram-se na área, as populações foram obrigadas a alterar o seu modo de vida, o Carregado iniciou o seu crescimento, mas não o seu desenvolvimento ordenado. Reconheço no entanto, serem as indústrias, o pólo mais importante do Carregado.

Quinta do Campo
Os edifícios cresceram em altura mas as infra-estruturas não acompanharam esse crescimento.
O escoamento do tráfego que hoje atravessa o Carregado é deficitário. Dadas as novas exigências e consequências do crescimento: projectaram-se auto-estradas, variantes, IC´s, sem se estudar o impacto ambiental, quase já não existem  zonas de reserva agrícola. Não se protegeu as zonas de reserva ecológica, enfim, não se acautelou o futuro promissor da Vila do Carregado.

Rede de Auto-Estradas
A reconstrução de prédios antigos junto das principais vias de comunicação não teve em conta o  seu futuro alargamento.
O Carregado necessita de espaços verdes para o crescente aumento populacional, necessita também de uma  sala de espectáculos onde se possam realizar actividades culturais, porque as novas urbanizações não contemplam espaços para equipamentos sociais.
As escolas excedem as suas capacidades.
 Não existe um posto de forças de segurança permanente (numa zona de constantes assaltos a bens e pessoas), não existe sequer uma secção de bombeiros (numa área que tem cerca de 1/3 da população total do concelho).

A história do Carregado ainda está por fazer. Pouco se sabe do seu nascimento, mas certamente outros mais conhecedores, alertados por este subsídio para a sua história, serão levados a estudar  mais aprofundadamente  as suas origens.
(1) "Em 22 de Dezembro de 1837 foi mudada  o Valle do Carregado para o Concelho de Alemquer e freguezia de Cadafaes. D´antes tinha pertencido  a Villa Franca de Xira" (pag.18). Presentemente aquele lugar pertence de novo ao seu concelho de origem.
A freguesia de S.Iago, hoje reunida à de Stº Estevão, tinha em 1758 apenas  40 fogos e 160 almas  e compreendia os lugares de Pancas, Parrotes e Carregado (Pag.195).
" A parochia de Stº Estevão é a reunião das freguezias de S.Pedro e S.Iago: os logares que abrange são Pedra d’ Oiro, Paredes, Trombeta e parte dos logares de Pancas e Carregado (Pag.215).
A ocupação humana na freguesia remonta à pré-história, nomeadamente nas épocas do Paleolítico e Neolítico;"  nas camadas do caminho do Carregado para Cadafaes, encontram-se sílex lascados, maxilares de pequenos animaes, dentes molares de homens e fragmentos de loiça grosseira, vermelha e anegrados.
Nas camadas dos Casaes do Carregado encontram-se em areeiros, alguns calhaus de sílex de peso de 2 a 8 Kilos e raras lascas e peças pequenas da mesma substância. Nos calhaus percebe-se que algumas lascas não deixam dúvidas sobre a mão do homem, o que nos garante a presença do “Genus Homo” nesta Terra ". ( pag.13)
Ponte da Couraça
Centro de comunicações por excelência o Carregado assumiu desde há séculos, um papel histórico-geográfico, como porto fluvial, estação ferroviária e centro viário de ligação com o Norte do País.
Desde a idade média, assume-se como ponto estratégico e passagem obrigatória que aqui faziam as galeras e os almocreves que, entre a Vala do Carregado e o Alto Concelho de Alenquer, escoavam toda a produção artesanal e agrícola da região.
(2) " Em 1 de Setembro de 1850 foi iniciada a construção da Estrada Real entre Lisboa e Caldas da Rainha passando por Carregado, Alenquer e Ota (Pag. 11). A primeira carreira regular da Mala-Posta em Portugal confere ao Carregado o lugar da mais importante estação de apoio aos serviços regulares desta carreira entre Lisboa e Caldas da Rainha, que funcionou até 1864. De notar que o marco existente no Carregado  tem inscrito numa das faces: ESTRADA QUE / VEM DAS CAL/DAS DA/RAINHA e noutra das faces : ESTRADA QUE / SE DERIGE / A SANTARÉM / ANNO DE 1788, o que nos leva a crer que esta estrada possivelmente construída em cima de antigos caminhos romanos já funcionava muito antes de 1850.
A 28 de Maio de 1855 inaugurou-se a carreira diária, da Mala-Posta entre o Carregado e Coimbra. Os passageiros e o correio saíam de Lisboa numa barca da Companhia de Barcos e Vapores do Tejo, seguiam até ao cais da Vala do Carregado, donde partia a deligência ao meio dia. À mesma hora da partida do Carregado, saía de Coimbra uma outra deligência que chegava á estação da Vala do Carregado cerca das 11 horas da noite. A partir de 1859, esta carreira alargou o seu trajecto e passou a ligar Lisboa ao Porto.
Nesta deligência de 6 lugares, puxada por 4 cavalos, o preço de uma passagem entre o Carregado e Ota, com direito a 33 arráteis de bagagem (cerca de 15 Kg) era de 720 réis em primeira classe e 480 em segunda. 
Em 28 de Outubro de 1856, inaugurou-se o caminho de ferro de Portugal, com a 1ª linha férrea de Lisboa ao Carregado. Desta inauguração transcrevemos uma passagem do livro de memórias da Marquesa de Rio Maior (que à data era ainda criança ):
Vou narrar o que me lembra do solene dia da inauguração que, enfim, chegou. Minha mãe não quis ir ao banquete do Carregado. Mas foi comigo para um cerro fronteiro à estação de Alhandra ver a passagem do comboio (….).
Finalmente, avistámos ao longe um fumozinho branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio ? Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do que supúnhamos. O comboio parou por um momento na estação, de onde se ergueram girândolas estrondosas de foguetes (...).
 (...) Só no dia seguinte ouvimos o meu pai contar as várias peripécias dessa jornada de inauguração. A máquina (...) não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram; e fora-as largando pelo caminho. Creio que se o Carregado fosse mais longe e a manter-se uma tal proporção, chegava lá a máquina sozinha ou parte dela. (...)
(...) Meu pai passou para a carruagem real, na qual chegou ao Carregado, onde assistiu aos festejos e comeu lautamente, porque o banquete era farto ".

Moinho de Água-Qª da Colónia
Como se diz no início deste escrito, não se conhecendo ao certo as origens do Carregado, julga-se pelo menos que ele é resultante das muitas Quintas que o constituíam. Que algumas dessas Quintas têm séculos de existência, isso sabemos, no entanto continua obscura a razão da sua origem como povoação.
Das Quintas que maior importância parecem ter tido para o seu crescimento salienta-se a Qtª. da Condessa, hoje da " família Pinto Barreiros "; Qtª. de Stº António da " família Vaz Monteiro "; Qtª. Casal Novo da " Família Laíns ". E porquê estas três ?. Em primeiro lugar porque as terras onde actualmente se situa o Carregado era pertença dessas famílias. Em segundo lugar porque estas famílias construíram as casas da povoação onde passaram a residir os seus trabalhadores. Por último, porque foram essas famílias que iniciaram o primeiro desenvolvimento deste lugar. Destacamos ainda as famílias Grilo e Cordeiro bem como a família Laíns que também contribuíram para o desenvolvimento do Carregado. E veja-se : Primeira casa de cultura do Carregado e que se chamava “Grémio” (família Vaz Monteiro), primeiro centro de escolha, embalagem e exportação de frutas, com destaque para a uva de mesa (famílias Laíns e Cordeiro), primeira iluminação eléctrica, na altura a gerador (famílias Laíns e Cordeiro). etc. Para além destas, muitos outros proprietários de tantas outras Quintas podem ter tido maior ou menor importância nesse desenvolvimento.
Nesse tempo, como área essencialmente agrícola,  certamente que se sentiu a influência dos proprietários desses terrenos. Era na “Praça dos Homens” que os trabalhadores rurais eram arrematados pela “jorna” diária que iriam receber em cada dia, trabalhando de sol a sol. A “praça” mais conhecida, situava-se junto à actual "Dália Azul", na empena do celeiro da família Vaz Monteiro, onde hoje se encontra uma instituição bancária.
Eram portanto aqueles proprietários que davam emprego aos trabalhadores do então Carregado.